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Tereza Oliveira - foto Sérgio Siqueira |
Anos 70 Bahia – Episódio 30
Elas usavam roupas
coloridas e perfumes e adereços indianos, unindo o Ocidente ao Oriente. Pouca
maquiagem, calcinhas Zazá para o banho de mar, o jeito atirado e desinibido de
encarar, os cabelos ao sabor do vento, do sol e do sal. Dogmas do machismo
despencaram e não deixaram saudades. As meninas dos anos 70 romperam padrões e
chegaram junto, desmontaram os clubes da Luluzinha e do Bolinha. Eram leves,
soltas e bonitas de se ver.
Cristina Sá –
Éramos alegres, livres, leves, soltas, coloridas e mulheres orgulhosas de nossas
conquistas. Era uma geração de mulheres que se impunha, que rasgou regras e criou
novos valores, que não tinha medo de ser feliz!
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Helenita e Cristina iluminam a exposição fotográfica "Por prazer", de Sérgio Siqueira, no Solar do Unhão. Foto Dalmiro Coronel |
Virgínia
Miranda – Era simples... apenas éramos...
Sonia Regina
Caldas – Maravilha! Nos anos setenta éramos muito
menos caretas!
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Monica Simões, clicada por Aristides Alves |
Veruska
Araponga – Ah, eu adorava e curti muito. Roupas, batas,
brincos, cabelão livre livre e eu solta também.
AMÉLIA
ALMEIDA: – “Good is a women”. Essa frase, impressa numa camiseta que Margot Piva
trouxe de Londres para mim, em 1980, representou simbolicamente o marco inicial
do que viria em seguida: o convite de Margot para criarmos um grupo feminista
aqui em Salvador. Nos quatro anos de doutorado em Matemática por lá, ela entrou
em contato com as ideias feministas que vicejavam no que seria chamada de 2ª
onda do feminismo. Se os ecos do feminismo ainda não reverberavam na Bahia dos
anos 70 com força suficiente para a eclosão de um movimento organizado,
concepções, valores e expressões dele, já consolidadas na Europa e Estados
Unidos, foram captados por muitas jovens mulheres das camadas médias, em
especial, abrindo novos espaços e dando lugar a novas posições subjetivas ao
ser mulher. O enfrentamento ou o drible
nas tradições familiares quanto aos estereotipados papéis de gênero nos propiciou,
entre outras conquistas, uma maior circulação na vida da cidade, sobretudo na vida
noturna, livre exercício da sexualidade e uma inserção mais precoce no mundo do
trabalho.
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Chica - foto Sérgio Siqueira |
Gabriel Blasko –
Parabéns pelas fotos. Lindas, dá para viajarmos no tempo. Moramos hoje no Vale
do Capão e por aqui, às vezes, sentimos ainda esse astral nas pessoas que se
mantêm lutando pela sua liberdade.
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Aninha Franco, Virginia Miranda, Norminha e Marisa Santana. Foto Eva Cristina Freitas |
Amália Casal –
Memoráveis anos 70, que marcaram gerações.
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Eva, Aninha e Maricota com os pés na areia, nos bons tempos das barracas de praia da rua M, em Itapuã |
LUCY DIAS – Os anos 50 viram milhares
de moças abrindo caminho para as faculdades. Os anos 60 revelaram mulheres mais
informadas e conscientes. E nos 70, finalmente, lutávamos abertamente pelo
direito de existir plenamente. (Enquanto
corria a barca – pg. 208).
Suzie Maciel de Carvalho
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ANAIS NIM – Elas se voltavam para
o poeta, o músico, o cantor, o colega de estudos sensível – o homem natural,
sincero, sem arrogância, sem ostentação, interessado pelos valores reais e não
pela ambição, aquele que odeia a guerra, a cupidez, o mercantilismo e o
oportunismo político. Enfim, um novo tipo de homem para um novo tipo de mulher.
(Em busca do homem sensível – pgs.
49/50).
LUIZ CARLOS MACIEL – Yoko Ono
oferece uma solução diferente: o que ela chama de “feminização da sociedade”
consiste, fundamentalmente, em contrapor um modelo feminino de organização
social ao modelo masculino vigente. A intuição, o senso empírico prático, a
imaginação e a delicadeza são, entre muitas outras, qualidades tipicamente
femininas que se opõem à lógica, à razão intelectual, à força e à inteligência abstrata, qualidades masculinas
[...]. A contracultura é, portanto, o começo da feminização da sociedade e o
verdadeiro contexto em que se deve desenvolver o movimento feminino. (A morte organizada – pgs. 43-44).
Helenita em alguma praia dos anos 70 - foto Lula Afonso |
ROSE MARIA MURARO – Hoje somos
diferentes de nossos avós ainda vivos do que eles foram diferentes do homem
pré-histórico. É um mundo velho de dois milhões de anos que está desabando.”
(Revista Realidade, abril de 1971).
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Nilda Spencer e Gessy Gesse confraternizam na casa dela e do poeta Vinicius de Moraes, em Itapuã - foto: arquivo pessoal de Gesse |
minha avó morava no Boulevard Suiço onde eu tb morei nos anos 70 e a casa da Monica Simões era um lugar mágico. fui colega do irmão del no Antonio Vieira onde não durei muito e fui estudar na fábrica o Colégio Santana no Rio Vermelho onde só tinha uns vagabundos malucos.
ResponderExcluirE quem sabe da dançarina e coreógrafa Graça Salles quem passou pelo Olodum, Teatro do SESC/SENAC?!?!
ResponderExcluirMaravilhosas pessoas-artistas dos anos 70, colegas de palcos, sonhos, lutas e das mãos dadas!!!