Anos 70 Bahia – Episódio 11
A Casa de
Dalmiro Coronel, o Dadau (que belas imagens dos 70 nos legou com sua câmera
ubíqua), era uma festa constante e rolava muita cultura: o pai dele, Don, era
cônsul e adido cultural dos Estados Unidos e sempre as novidades pintavam por
lá, filmes ainda não assistidos, equipamentos eletrônicos que ainda não tinham
saído no Brasil, discos importados em primeira mão. Dona Reolda, esposa de Don,
era um anjo da guarda: recebia, hospedava e tratava com carinho todos os
doidões e malucos que apareciam por lá e as festas rolavam madrugada adentro,
sempre com boas bebidas da adega de Don. Certa vez, com o apartamento apinhado
de gente (Dadau tinha hospedado a troupe do “Asdrúbal Trouxe o Trombone”), Don
acordou irado e chamou Dadau até o quarto para uma conversa séria. E começou
logo na tora:
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Grupo 'Asdrúbal Trouxe o Trombone' na peça "Trate-me Leão" - Teatro Vila Velha, 1979 (foto Dalmiro Coronel) |
– Dalmiro,
encontrei a “macaca!” Não quero macaca aqui, não quero macaca!
Atônito,
Dalmiro, que ainda não havia acordado direito, pensou logo como iria se livrar
do animal, com certeza devia fazer parte da peça da turma do Asdrúbal.
Perguntou a um Don nervoso:
– Aonde
está a macaca, aonde?
– Está no
sofá, Dalmiro! Não gostei da macaca!
Dalmiro
correu para o sofá e só aí matou a charada. Na realidade, Don, que falava um
português misturado com inglês e com um sotaque diferente, não acertava a dizer
a palavra maconha, se confundia e dizia macaca.
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Katy Roberts, Dalmiro Coronel e Junno Homrich em Cambridge (Massachusetts) |
O que
aconteceu é que Don foi se deitar no sofá e, quando pôs a cabeça na almofada,
sentiu a presença, por baixo, de um pacote de fumo que devia ter caído da bolsa
ou jazia lá esquecido por algum dos hóspedes. Coisa dos anos 70.
Cristina Sá – Lembro muito desse episódio na casa de Dadau, na
Barra, edificio Portela Lima!
Fernando Noy – Eu tive um namorado igualzinho e que jamais
esquecerei...
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